O post que fiz comentando as campanhas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo nas últimas eleições do ponto de vista do conteúdo foi bem recebido e gerou um monte de sugestões de novas abordagens sobre o tema política. Estou um pouco atrasada, mas decidi acatá-las e aqui estou aqui para elaborar alguns pontos nesse texto. O primeiro é a força dos perfis não oficiais nas campanhas políticas, o segundo é o discurso do não político e o terceiro, uma breve análise das campanhas Freixo X Crivella para fugir do bairrismo paulistano.
Vale a pena destacar que a vou me deter nas questões dos conteúdos de redes e de campanha. Entendo que isoladamente essa análise não esgota as questões propostas. Vamos lá:
1) Perfis não oficiais:
O envolvimento do público com o tema política fica bastante evidente nos perfis não oficiais. O perfil Haddad Tranquilão foi criado do primeiro para o segundo turno em 2012 por um publicitário ligado ao Partido dos Trabalhadores. A ideia era deixar o então candidato Fernando Haddad mais conhecido, aproveitando a onda de rejeição ao principal oponente, o candidato do PSDB, José Serra.
O fato é que o perfil, apesar de não ser o oficial do político, tem mais seguidores, e sabe bem interagir com o público. O fato de ser extra oficial também aparentemente dá mais liberdade de criação e ataque aos oponentes. Elas não necessariamente precisam seguir uma estratégia de campanha, são mais flexíveis no uso de humor e formatos O carisma de Haddad certamente se fortaleceu com essas páginas (também tem Haddad o prefeito gato). Foi aparentemente espontâneo também a criação do evento Valeu, Haddad!, após sua derrota nas urnas ainda no primeiro turno para o candidato João Doria.
Se ele sai forte dessa campanha como um nome político de esquerda (ainda não dá para tirar essa conclusão), isso se deve muito à popularidade que ganhou nas redes e que não foi esforço apenas da equipe contratada para a gestão dos meios oficiais. Os entusiastas digitais deram grande contribuição.
2) O não político
Outro ponto que surgiu foi o discurso do não político, a bola da vez dessas eleições. É velho e vazio, mas aparentemente colou. A questão é como esses candidatos vão “virar políticos” e “fazer política de forma diferente” em velhas estruturas. Também tenho curiosidade de saber por quais caminhos inovadores vão comunicar seus atos não políticos. Observem o tom desse post de Fernando Holiday, vereador eleito em São Paulo. Seu nome ficou conhecido pelo movimento que se classifica de apartidário, o Movimento Brasil Livre (MBL). O comentário sobre o Enem não me parece nada apartidário ou não político. Tenho sensação de que esse discurso já cumpriu sua função e será enterrado por pelo menos dois anos. Também é prematuro tirar conclusões sobre isso agora, só acompanhando as próximas movimentações.
3) Crivella X Freixo
Não sendo carioca fica um pouco difícil fazer essa avaliação com precisão, mas acompanhei algumas coisas por curiosidade profissional e vou arriscar. Crivella (PRB) fez uma campanha mais convencional, não apostou no não político, mas também não inovou em nenhum aspecto. Mantem seu perfil no Facebook como um grande release. Freixo (PSOL) certamente foi mais ousado no ambiente digital. Precisou ser, na verdade. Arrecadou verba para a campanha em sistema crowdfundig e se mostrou mais ativo e agressivo (postura normal de candidato que está atrás nas pesquisas de intenção de voto). O que acho muito interessante é a postura de vigilância que o candidato derrotado nas urnas se propôs a fazer. No site tem uma espécie de landing page para que os cariocas digam o bairro em que moram e possam receber conteúdo informativo sobre essa postura crítica que ele se propôs a assumir nos próximos quatro anos. Se bem utilizadas, essas informações podem ajudar em uma campanha futura e podem ser um case bem construído (e arrisco a dizer que inédito no Brasil) de conteúdo de gestão política. Aguardemos e observemos.
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