As marcas e a produção de conteúdos nas eleições
As redes ganham uma movimentação bastante particular no período de campanha eleitoral. Eu já escrevi por aqui algumas vezes sobre o assunto política, marcas e conteúdos. Deixo os links abaixo. Algumas vezes, analisei até a produção de conteúdos pelos próprios candidatos em outras fiz análises de casos pontuais. Até acompanhei e fiz meus prints dessa vez, mas dado o estado de ânimo em que aconteceram essas eleições e a necessidade de se retomar conceitos básicos como democracia ou a liberdade de se fazer escolhas dentro de uma democracia,
Nessa análise da produção de conteúdos nas eleições, vou ficar apenas com marcas que me chamaram a atenção por um posicionamento positivo, corajoso e/ou coerente com o discurso.
Votar é básico
Como mencionei, essa eleição foi tomada por uma volta aos conceitos básicos. Uma marca que faz parte do meu dia a dia é a Básico e eles, por mais de uma vez, usaram o stories no Instagram para difundir uma mensagem totalmente alinhada à proposta de marca: “Votar é básico”. Eles inclusive fizeram uma ação no primeiro turno em que o consumidor poderia pedir uma camiseta com a frase “Vote. Fazer escolhas é básico”.
Quando alguém escolhe no seu lugar…
O Burger King fez um apelo ao voto consciente com um vídeo criativo que dava a pessoas um lanche com ingredientes escolhidos por outras pessoas a quem decidisse votar em branco. A mensagem era “Quando alguém vota no seu lugar, não dá pra reclamar do resultado”.
Ele não
O candidato Jair Bolsonaro, ao longo de sua trajetória política, fez declarações perversas sobre a mulher, como a que mulher engravida, portanto, deve ganhar menos que os homens, ou ter na conta um projeto para proibir mulheres vítimas de violência sexual de receber atendimento gratuito. Muitas marcas que dialogam diretamente com o universo feminino, posicionaram-se contra o candidato e sofreram retaliações por isso.
A Intensifyme, marca de lingeries, foi categórica e posicionou-se em relação ao #elenão, com um recado direto: “Quem é contra mulher é contra Intensifyme”.
O Atelier Luiza Pannunzio é uma marca de roupas femininas, com produção assinada por mulheres, no estilo slow fashion. A dona da marca distribuiu lambe-lambes e pintou camisetas na ocasião da manifestação ocorrida em várias cidades do Brasil e do mundo em 29 de dezembro. A empresária recebeu ofensas nos comentários.
A Com Amor Florinda, é uma marca de produtos ecologicamente corretos, entre eles, cosméticos, produtos de limpeza, utensílios doméstico e absorventes higiênicos. Eles também decidiram aderir ao #elenão e receberam muitos comentários negativos de seguidores contrários ao movimento.
O Jardim Secreto, uma feira que apoia o trabalho artesanal, feito à mão, que reúne muitas produtoras mulheres também se posicionou e perdeu seguidores.
Quando escrevi um post sobre o case Marisa, que fez um real time marketing de mau gosto na época do depoimento do ex-presidente Lula à Lava-Jato, fazendo uma piada com o nome da falecida primeira dama, eu disse que as marcas tinham que ficar o mais distante possível da política e buscar expressar a criatividade por outros caminhos.
No caso das marcas femininas que aderiram ao #elenão, acho que mais do que política e oportunismo, elas estavam apenas sendo fieis a seus propósitos. Se estão em um terreno de fortalecimento do feminino não faz sentido apoiar ou silenciar a quem afronta comportamental e verbalmente esses princípios. Se as consumidoras que deixaram de seguir ou decidiram boicotar a marca não estão sintonizadas a essas ideias, talvez elas não sejam boas personas e cada vez tenho mais certeza de que não há nada mais difícil e pesado para uma marca do que tentar a persona que não é a sua.
Tem algum perfil legal ou fez algum print sobre a produção de conteúdos nas eleições? Compartilhe conosco.
Links:
Marcas, apenas deixem assuntos políticos fora da estratégia de conteúdos
Love brand por um dia: o fenômeno Habib’s e Ragazzo
Eleições municipais de São Paulo do ponto de vista do conteúdo
Ben e Jerry’s toca no tema política brasileira de forma extremamente interessante
Política e conteúdo – Parte II: Os perfis não oficiais, discurso não político, Freixo e Crivella
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